O erotismo na televisão brasileira ainda se apresentava de forma discreta na virada para a década de 90. Quem quisesse ver peitinhos ou rabicós precisava ficar acordado até bem tarde. A Band exibia o Cinê Privê; o SBT, o Cocktail.
Em nível máximo de safadeza e canastrice, Luiz Carlos Miele conduzia o programa acompanhado das garotas tim-tim. Cada uma simbolizava uma fruta. Engana-se quem pensa que mulher fruta é invenção recente. Cocktail estreou em 1991 e ficou no ar por apenas um ano.
Como a maioria das crianças da época, assistia escondido. Fingia que ia dormir e ligava bem baixinho a minha Telefunken. Eu tinha apenas 9 anos e pouco me importava se as mulheres eram tias demais para mim.
Cocktail é a versão do italiano Colpo Grosso e gerou polêmica quando foi lançado. Na intervalo, rodava a vinheta: “tutti-frutti, tutti-frutti, tutti-frutti” e tcharãn: as meninas desabotoavam a roupa e exibiam suas encurvaduras jamais siliconadas, uma vantagem da época.
O programa conseguia distinguir a sensualidade da pornografia. De tempos para cá, ficou possível notar seios à mostra a qualquer hora do dia e, na maioria das vezes, com vulgaridade.