Mais do quem um chiclete
A volta de Carrossel
Faça um 92 diferente.

A volta de Carrossel

Leio por aí que o SBT gravará a versão brasileira de Carrossel. Apesar de ter sido um dos maiores fãs da novela, não consigo ficar entusiasmado com a ideia.

A estreia aconteceu em 12 de junho de 1991, quando eu tinha 9 anos incompletos. Por essa razão, escrevo com propriedade. Nenhum remake conseguirá o mesmo encanto da versão original. As crianças ficavam hipnotizadas, não se perdia um capítulo sequer.

Carrossel começava 20h15. Brigava em audiência com Jornal Nacional e incomodava. Lembro de ficar de prontidão em frente à TV desde antes, quando passava o TJ Brasil. Quem era criança e assistiu à novela sabe da magia a que me refiro.

Por outro lado, sinto a necessidade de atrações infantis que tratem dos valores que Carrossel trazia à tona. Abordava-se racismo, discriminação social, religião, violência, entorpecentes e outras realidades sociais.

Recordo-me de muitas cenas. Uma vez, Cirilo Rivera, inconformado por ser negro e sofrer preconceito, caiu numa pegadinha. O colega Paulo Guerra inventou uma pomada para que o amigo ficasse branco e conquistasse o amor de Maria Joaquina.

No dia seguinte, Cirilo parecia um fantasma, pintado de branco. Chegou até a loirinha e perguntou se ela havia notado a mudança. A menina riu sem parar. Revoltado com o deboche, Cirilo empurrou-a e começou a chorar. O gordinho Jaime Palilo acolheu.

A conversa com a Professora Helena foi sensacional. Com toda a meiguice, dizia a Cirilo que, caso se tornasse branco, estaria sendo injusto com os seus pais, desejando não se parecer com eles. Uma das tantas lições da doce mestra.

Saberá o SBT preservar um roteiro tão rico? O destino está nas mãos de Íris Abravanel, responsável pela adaptação. As gravações começam em 10 de outubro.

View Comments (13)
  1. Cara… sem dúvidas será o post mais comentado este. Pode esperar. Assim que a galera ler tua divulgação pelo twitter. Como somos ambos de 1982 também me sinto com propriedade para falar. Assisti as três vezes que passou, mas sem dúvidas, em 1991 recordo muito de morar na Wenceslau Escobar 1086/314 e minha mãe grávida do meu irmão (que nasceu em agosto). Eu ia para o quarto com a mana para assistir (ela com 4 aninhos). Recordo que era preciso “aguentar” o Bóris Casoy para não perder nada da novela. Quantas lágrimas derramei com os problemas do Mário Ayala. Para mim ele era a personagem mais marcante, pelo que passava com aquela madrasta dele. E por gostar de Pastores, sempre quis ter um “Rabito” (que muitos não sabiam a tradução “Rabinho”). Eu achava que eu era um pouco Daniel Zapata, porque sempre fui o mais inteligente da turma (agora a modéstia foi alta), além do senso de justiça, a diferença para ele é que sempre fui brigão pelos meus ideais e ele pouco discutia. Muito chorei também com o Seu Firmino, um verdadeiro Vozinho. Graças a Deus, à época eu tinha os meus dois vivos, fora os emprestados… Bah! O blog é teu, mas tomei conta com este “capítulo à parte” que estou fazendo. Claro que todo menino era apaixonado pela Professora Helena, mas como era platônico, eu me achava mais próximo a me encantar com a Marcelina. Como eu tinha peninha dela, mas a que me levava a suspirar era a Carmem Carrillo. Aí se vê que sempre gostei das morenas, hahaha. Claro que achava a Maria Joaquina lindíssima, porém, tornava-se feia pelas maldades. Bah! Me senti agora duas décadas para trás, assistindo neste horário (escrevo às 20h33min) numa TV pequena que tínhamos, eu na minha cama, a Susan na cama dela e o volume lá no alto para cantarmos “Entre Duendes e Fadas, a Terra encantada, espera por nós. Abra o seu coração, em uma canção, em uma só voz. Venha não perca o seu tempo, que até a idade você pode escolher. Venha ser uma criança, entrar nesta dança, ser o que quiser…” E claro, fazíamos a chamada direitinho: “Jaime Palilo”, “Presente” (e a imagem da bola sendo chutada e o gordinho defendendo… Eita saudade forte, aperto nostálgico, mas como dizia meu grande amigo e avô, saudade é para se sentir e viver, afinal, não sentimos saudades de coisas ruins. Portanto, jamais diga “matar a saudade”, porque não se mata sentimento bom. Viva a Saudade!!

    1. Bah, com certeza. A Carmem Carrillo era a mais bonitinha mesmo. Concordo com tudo, a Maria Joaquina ficava feia. mas cá entre nós, era uma baita atriz, né? como ela conseguia ser tão nojentinha.. aliás, ja viu foto dela atual? Ficou uma loira espetacular e muito simpatica.. muito legal, Diego.. nao devemos matar a saudade… tem mta coisa boa para recordar!! vivaa!!! forte abraço e volta sempre!!

  2. Saudades! Eu já era pré adolescente nessa época mas adorava assistir. Eu comecei na verdade p/ fugir das notícias ruins e/ou chatas do JN e de outros telejornais. Mas depois acabei gostando. Minha mãe tb assistia junto comigo. Sabe qual é o curioso? Eu tinha uma semelhança física mto gde c/ a profª Helena (isso na época q ela fazia a novela) usava o mesmo tipo de franja (e uso ainda pq gosto) e o cabelo era quase do mesmo tamanho do dela o meu era um pouco maior. Só q eu adorava a Maria Joaquina pelo fato dela ser riquinha e usar umas luvinhas superfofas e delicadas. Sempre gostei de personagens riquinhas mas reprovava as atitudes dela. A novela abordava temas mto atuais e adultos mas de um modo bem suaves. Lembro de uma cena q me marcou mto e apesar de saber a mensagem pela boa educação q sempre tive de qdo a mãe da Maria Joaquina se acidentou e Cirillo convenceu a mãe dele a doar seu sangue já q ambas possuíam o MESMO sangue raríssimo AB- Como não houve rejeição ficou definitivamente provado q aqui na Terra eu, vc, enfim… Todos os seres humanos são iguais independente de cor de pele, religião ou condição social. Uma coisa q a humanidade ainda não aceita como verdade plena. Qto ao remake, nem sei se vou assistir pq p/ mim não é a mesma coisa. Bjs

  3. Confesso que ler o teu blog é sentir um grande aperto no peito.
    Eta saudade! Época em que eu era feliz e sabia!!!!
    Carrossel me marcou demais. Assisti a novela inteirinha. E “Carrossel das américas” que passou alguns anos depois também.
    Lembra do episódio em que a Maria Joaquina dançou la bamba com o Cirilo??
    Se deixar fico aqui relembrando centenas de cenas marcantes.
    Aliás, só ouvir aquila trilha de abertura já é emocionante, vai dizer?
    Meu velho, parabéns pelo blog sensacional! Continue nos dando grande alegrias. Pena que infância como a nossa, nenhuma outra criança do mundo vai ter!

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